segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Gestão por Processos, utopia?

Desde a versão 2000 da norma ISO 9001, as empresas que desejam a certificação deve adotar uma abordagem de gestão por processos. E lá se vão 15 anos e aparentemente, pelo menos entre as empresas brasileiras, mesmo as certificadas, esta abordagem está longe de ser uma realidade; vale lembrar que este conceito é bem mais antigo e não foi criado pelo comitê da ISO que cria as normas de gestão da qualidade (ISO TC 176). No ano 2000, muitas empresas já adotavam os conceitos de BPM (business process management) com bastante sucesso. Por que então, a coisa não pega no Brasil?
Particularmente, acredito em dois fatores:
1) A idéia do BPM vai muito além do Sistema de Gestão da Qualidade e muda o jeitão da empresa funcionar; as empresas quando decidem pela certificação querem mudar o mínimo necessário em sua gestão e, portanto, não estão dispostas a adotar um modelo diferente de estrutura de tomada de decisões; cada chefe continua dono de seu quadrado e seguimos em frente!
2) Consultores, auditores e profissionais da qualidade em geral, minimizam o conceito de gestão por processos, na maioria das vezes por puro desconhecimento (ignorância mesmo). O BPM tem todo um arcabouço teórico, desconhecido pela maioria dos profissionais; todos acreditam que determinar processos é fazer um gráfico para o Manual da Qualidade e o requisito está resolvido. Este desconhecimento leva a erros inadmissíveis, como por exemplo, na determinação do cliente interno do processo; segue-se, na maioria dos casos, a seqüência temporal de eventos para determinar quem é cliente de quem; Assim, o “Processo Planejamento da Produção” entrega ao “Processo Produção” a programação semanal; logo, a Produção é o cliente do Planejamento! Na verdade, quando se modela processos, é fundamental determinar entre outras, a missão do processo: Se a missão do Planejamento é não deixar que produtos faltem no estoque, há uma inversão na relação cliente-fornecedor: deveria-se interpretar a Produção como uma fornecedora e não cliente do Planejamento, até porque, o planejamento pode, em alguns casos, optar por terceirizar a produção em determinados momentos e, nem por isso, o “terceiro/fornecedor” é cliente ( o que seria uma aberração!)
3) Nunca vi, em mais de uma centena de auditorias que já participei, um auditor questionar o conteúdo do Planejamento do Sistema de Gestão, que em teoria deve conter o mapeamento dos processos; o máximo que já vi é auditor perguntando se existe ou não e onde está definido este mapeamento; Assim, uns fingem ter uma gestão por processos e outros fingem que auditaram tal requisito.



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